Pesquisa pública e novas moléculas
Instituições públicas foram responsáveis pela descoberta de 364 fármacos e vacinas aprovados nos Estados Unidos nas últimas quatro décadas
Pelo menos 364 medicamentos e vacinas aprovados pela agência regulatória de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), entre 1973 e 2016, foram descobertos por instituições públicas de pesquisa ou em parceria com elas. A conclusão consta de um estudo publicado este ano na revista científica The Journal of Technology Transfer por pesquisadores de diferentes instituições norte-americanas.
Os autores realizaram uma revisão bibliográfica de estudos publicados no passado sobre compostos desenvolvidos por instituições públicas. Também se debruçaram sobre bases de dados com informações sobre patentes, fármacos e vacinas aprovados pela FDA, concessão de subsídios públicos à pesquisa e registros de pagamento de licenças e royalties por empresas farmacêuticas a pesquisadores e instituições titulares de patentes de drogas aprovadas nas últimas quatro décadas.
Ao cruzar esses dados, identificaram 364 compostos desenvolvidos por instituições públicas de pesquisa, ou em parceria com elas, das quais 23 deram origem a vacinas.
Eles também constataram que quase metade dos compostos (43%) aprovados no período destinava-se ao tratamento de diferentes tipos de câncer e doenças infecciosas, as quais costumam receber pouca atenção da indústria farmacêutica.
Instituições dos Estados Unidos, do Canadá e do Reino Unido responderam pela maioria das descobertas, com destaque para os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), principal agência de apoio à pesquisa biomédica dos Estados Unidos, responsável por 27 delas.
Em seguida, estão as universidades da Califórnia e Emory, também dos Estados Unidos, com 21 e 18 descobertas, respectivamente.
Os autores do levantamento destacam que os resultados ajudam a desconstruir a noção de que o setor privado é o único, ou o principal, responsável pela identificação de moléculas candidatas a fármacos e vacinas, e por transformá-las em novos produtos.
Os pesquisadores já haviam observado o mesmo dentro dos Estados Unidos, em um artigo publicado em 2011. “Nossa pesquisa agora mostra que isso também se aplica a outros países, e, pela primeira vez, identificamos quais são essas instituições e os medicamentos e vacinas que elas ajudaram a desenvolver, concluem.
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