Temas da agenda global de pesquisa
Prevenção de doenças cardiovasculares é mais estudada do que de câncer, sugere estudo
A contribuição do câncer e das moléstias cardiovasculares para a carga global de doenças cresce continuamente. Em 2019, representavam 65% do problema. Não por acaso, nas últimas duas décadas as pesquisas com recorte epidemiológico sobre esses males também aumentaram, segundo análise conduzida por pesquisadores britânicos, publicada em agosto na revista Scientometrics. A produção de estudos sobre doenças cardiovasculares passou de 8,5% da produção mundial, em 2001, para 15,5% em 2020. No mesmo período, estudos sobre o câncer foram de 8,9% para 10,2%.
Os cientistas compararam também a agenda global de pesquisa sobre fatores de risco, alguns deles modificáveis. Viram que embora o tabagismo tenha diminuído seu impacto na maioria das regiões, aumentaram os riscos metabólicos, especialmente aqueles causados pelo alto índice de massa corporal (IMC), para ambas as condições.
Entre os 17 países com mais pesquisas em doenças cardiovasculares, a Suécia obteve a melhor classificação e a Alemanha, a mais baixa. Em quinto lugar está o Brasil. Austrália e Nova Zelândia estão preocupadas principalmente com os efeitos da radiação ultravioleta em ambas as doenças e do estilo de vida no câncer.
A radiação é tema de grande interesse na Europa Oriental por seus efeitos de longo prazo sobre o câncer, provavelmente por conta do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986.
O impacto do estilo de vida nos males cardíacos, mas não no câncer, é foco de pesquisa na América Latina. Os efeitos da pobreza e da desigualdade econômica são mais pesquisados na Austrália, Nova Zelândia, América do Norte e América do Sul, especialmente no Brasil.
Embora a prevenção dependa fortemente de campanhas governamentais, os cientistas consideram que as escolhas de estilo de vida da população fazem diferença e podem ser influenciadas por informações sobre novas descobertas relatadas na imprensa.
A avaliação de reportagens publicadas em 32 jornais de 21 países europeus de 2001 a 2013 mostrou que o principal assunto são as mudanças de estilo de vida, com ênfase em exercício e sedentarismo. Os efeitos dos medicamentos nas doenças cardiovasculares são destaque na Europa Ocidental. Na parte oriental, a influência das infecções merece mais espaço.
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